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Acupuntura: ciência ou crença?




  • Acupuntura como ciência

  • Explicação Científica

  • Críticas da Visão Científica

  • Acupuntura como Crença

  • Elementos Filosóficos

  • Críticas da Visão Filosófica

  • Como fazer a conciliação das visões

  • Nossas considerações também podem ser integrativas


A discussão sobre se a acupuntura é ciência ou crença está no centro de debates acadêmicos e culturais. A resposta depende da abordagem, dos estudos científicos disponíveis e das diferentes perspectivas culturais e filosóficas que a cercam.

Acupuntura como ciência

A visão científica da acupuntura se baseia em estudos clínicos, pesquisas neurofisiológicas e na medicina baseada em evidências. Ela busca explicar os efeitos terapêuticos da prática em termos de mecanismos biológicos.

Sob esta ótica, podemos citar autores como Bruce Pomeranz, neurocientista, que propôs que a acupuntura estimula a liberação de neurotransmissores como endorfinas e serotonina, que desempenham papéis importantes no alívio da dor. Sua pesquisa demonstrou que estímulos em pontos de acupuntura ativam áreas específicas do sistema nervoso central e Edzard Ernst, pesquisador, que reconheceu a existência de evidências moderadas de eficácia para condições como náuseas pós-operatórias e algumas dores crônicas, apesar de criticar a qualidade inconsistente dos estudos.

Como uma “assinatura de peso”, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a eficácia da acupuntura para tratar uma série de condições, como dores de cabeça, dores musculoesqueléticas e ansiedade, com base em revisões sistemáticas de estudos clínicos.

Explicação Científica

A estimulação dos pontos de acupuntura provoca respostas neurológicas, ativando mecanismos de modulação da dor.

Estudos com ressonância magnética funcional (fMRI) mostram mudanças em áreas cerebrais durante sessões de acupuntura.

A eletroacupuntura, uma técnica moderna, fornece evidências adicionais de efeitos biológicos mensuráveis.

Críticas da Visão Científica

A falta de consenso sobre a localização precisa dos pontos de acupuntura.

Dificuldade em distinguir efeitos da acupuntura verdadeira dos placebos em estudos controlados.

Acupuntura como Crença

Essa visão enfatiza a base filosófica da acupuntura, profundamente enraizada na medicina tradicional chinesa (MTC), que não é necessariamente compatível com o modelo biomédico ocidental. Para seus praticantes tradicionais, a eficácia da acupuntura deriva de conceitos como energia vital (Qi) e equilíbrio entre yin e yang.

Sob esta ótica, podemos citar autores como Paul Unschuld (historiador da medicina chinesa): Ele argumenta que a acupuntura é uma prática simbólica que reflete a visão de mundo da cultura chinesa antiga, baseada em filosofia e espiritualidade, mais do que em biologia e Giovanni Maciocia (especialista em MTC), que sustenta que a eficácia da acupuntura não pode ser completamente explicada pela ciência ocidental, pois a prática é holística e se baseia no equilíbrio energético do corpo, um conceito que transcende o reducionismo científico.

Elementos Filosóficos

A saúde é entendida como o fluxo harmonioso do Qi pelos meridianos.

Desequilíbrios energéticos são tratados ajustando os fluxos por meio de estímulos em pontos específicos.

Não há tentativa de reduzir a prática a explicações anatômicas ou fisiológicas.

Críticas da Visão Filosófica

Falta de correspondência entre os conceitos de Qi e meridianos com estruturas anatômicas verificáveis.

A subjetividade na prática tradicional torna difícil padronizar e avaliar os resultados.

Como fazer a conciliação das visões

Alguns autores tentam construir uma ponte entre as duas visões, defendendo que a acupuntura pode ser uma prática complementar com elementos de ciência e crença, como percebe-se nos relatos de Richard Hammerschlag (pesquisador em medicina integrativa), que argumenta que a acupuntura pode ser vista como uma interseção entre ciência e arte, e que a exploração científica não precisa invalidar suas raízes filosóficas.

Nossas considerações também podem ser integrativas

Reconhecer que o efeito placebo também é uma forma de resposta terapêutica.

Promover estudos multiculturais para respeitar a origem e, ao mesmo tempo, entender os mecanismos biológicos.

Considerar que a experiência subjetiva do paciente tem valor terapêutico.

Na verdade, a medicina convencional já é bastante reducionista e tem tentado a todo custo, destituir-se dessas limitações arcaicas.

Cabe a nós portanto, saber argumentar a Acupuntura contextualizando-a histórica e culturalmente, com evidencias científicas, muita literatura de apoio, com discussões filosóficas e expondo a fragilidade do indivíduo frente a métodos de tratamento que não priorizem a prevenção e o cultivo do bem-estar e equilíbrio energético.

 

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