A depressão altera região do cérebro ligada à atenção. Antes dos sintomas aparecerem, a comunicação neuronal muda.
Pesquisas recentes publicadas na Revista científica Nature, a respeito do tema, mostram como os estudos estão dirigidos a esta área da saúde mental. Usando um exame de imagem cerebral chamado fMRI, os pesquisadores descobriram que a depressão reorganiza uma importante área do cérebro ligada à motivação e atenção.
As descobertas mais recentes revelam alterações em regiões específicas do cérebro que desempenham papéis cruciais no processamento de informações, foco e tomada de decisões, como a rede de saliência frontoestriatal que mostrou-se aumentada em pacientes com depressão, quando comparados aos pacientes sem depressão.
Córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL)
O CPFDL é uma região chave para o controle da atenção, regulação emocional e memória de trabalho. Estudos de neuroimagem têm mostrado que pacientes com depressão apresentam uma redução na atividade e no volume desta área. Essa disfunção está associada à dificuldade em manter o foco e a atenção, além de problemas em tomar decisões e planejar ações.
Córtex cingulado anterior (CCA)
O CCA está envolvido na regulação da atenção seletiva e na resolução de conflitos cognitivos. Na depressão, observou-se uma hiperatividade nesta área, o que pode contribuir para a ruminação e a dificuldade em redirecionar o foco para estímulos positivos. Essa alteração explica por que muitos indivíduos deprimidos têm problemas em se concentrar e tendem a se fixar em pensamentos negativos.
Amígdala e conectividade funcional
A amígdala, responsável pelo processamento emocional, também apresenta hiperatividade em pessoas com depressão. A conectividade aumentada entre a amígdala e outras regiões do cérebro, como o CCA e o CPFDL, pode exacerbar o foco em estímulos negativos, prejudicando a capacidade de desviar a atenção para informações mais neutras ou positivas.
Redes neurais afetadas
Rede do modo padrão (Default Mode Network - DMN): essa rede é ativada quando o cérebro está em repouso, envolvido em pensamentos internos, como a autorreflexão. Em indivíduos com depressão, a DMN tende a ser hiperativa, o que pode levar ao excesso de ruminação e pensamentos autocríticos.
Rede de controle executivo: responsável pelo controle atencional e pela flexibilidade cognitiva. Pacientes com depressão mostram uma menor ativação dessa rede, o que compromete a capacidade de alternar entre diferentes tarefas e se concentrar.
Impacto no estudo do comportamento humano
Essas descobertas têm grandes implicações para a compreensão do comportamento humano, especialmente em relação à maneira como as pessoas com depressão processam informações e interagem com o mundo ao seu redor. Algumas consequências incluem:
Dificuldade de concentração e tomada de decisões: As mudanças na funcionalidade cerebral explicam por que muitas pessoas com depressão têm dificuldades em se concentrar em atividades do dia a dia, tomar decisões e realizar tarefas complexas.
Foco em pensamentos negativos: As alterações nas conexões cerebrais contribuem para o viés cognitivo comum na depressão, onde o indivíduo tem dificuldade de desviar a atenção de estímulos negativos ou angustiantes.
Implicações para o tratamento: As descobertas sugerem novas abordagens para o tratamento da depressão, como terapias que visam restaurar a conectividade cerebral, como a estimulação magnética transcraniana (EMT) ou técnicas baseadas em mindfulness, que ajudam a treinar a atenção.
Comportamento social e isolacionismo: Como a atenção é fortemente afetada, o impacto no comportamento social é evidente, com muitos indivíduos deprimidos apresentando dificuldades em se engajar em interações sociais, o que pode levar ao isolamento.
Esses achados fornecem uma base para novas terapias, intervenções comportamentais e formas de melhorar a qualidade de vida de pessoas com depressão, além de contribuir para uma compreensão mais abrangente de como os processos cognitivos e emocionais estão entrelaçados no comportamento humano.
Se você está com depressão ou conhece alguém que está passando por ela, a conduta orientativa “do pense positivo” não é profissional. É preciso entender de Neurobiologia e saber que redes neurais já forma afetadas antes mesmo da depressão apresentar os primeiros sintomas.
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