A anosmia (perda do olfato) e a perda da chemestesis, sensibilidade da pele e da mucosa (língua), revelam o quanto nossos sentidos são ferramentas importantes de conexão com a realidade.
A perda do olfato pode representar um grande trauma. Os cheiros são processados de maneira diferente dos outros quatro sentidos. É o único sentido que ignora o tálamo – o centro de transmissão sensorial do cérebro – e vai diretamente para o córtex olfativo primário, onde as memórias são processadas e armazenadas. Uma via neurológica que evoca memórias afetivas e de defesa, importantes. Sabemos que o olfato impulsiona, inclusive o comportamento social.
Como se dá a perda do olfato com o COVID-19:
Um consenso científico afirma que o Coronavírus interrompe a atividade das células do nariz, causando a perda do olfato. No nariz está o epitélio olfativo, que abriga neurônios olfativos – responsáveis pela detecção de odores – e dois outros tipos de células, células basais e de suporte. O último, tem um grande número do tipo de enzimas que o SARS-CoV-2 precisa.
Considera-se que o vírus se liga com muita facilidade a esses tipos de células do nariz e, ao fazer isso, os cientistas acreditam que ele cria uma inflamação que causa o desligamento dos neurônios sensoriais olfativos.
Trata-se de uma perda que pode ocorrer por um período curto (1 mês), bem como constar como sequela permanente.
Existe tratamento?
Podemos dizer que se trata de uma doença em estudo e muitas descobertas acontecem semanalmente.
Entretanto, a repetição de aromas naturais, como treinamento olfativo, tem se mostrado eficaz em muitos casos.
Eucalipto, limão, alecrim, cravo e rosas em inalação por 20 segundos, cada, 2 vezes ao dia.
O ômega 3, por ter uma ação já reconhecida em células nervosas, tem sido usado nas terapias associadas.
Como percebemos o aroma
As estruturas que permitem à espécie humana perceber e sentir o aroma se localizam no interior da estrutura nasal (nariz) e no interior do SNC.
Possuímos mais de 100 milhões de células receptoras olfativas com uma vida média calculada entre 30 e 60 dias, devido à sua localização tão superficial, o que as torna facilmente suscetíveis à traumas. Precisam ser reproduzidas continuamente. Sua perda é estimada em 1% ao ano, o que explica a redução do olfato na velhice.
O centro olfativo cerebral localiza-se na região central do cérebro (área olfativa). De onde se originam os nervos olfativos ou receptores olfativos aptos a distinguir cheiros diferentes.
Apesar de a mucosa olfativa poder diferenciar grande número de odores, sua capacidade de perceber modificações na concentração de uma substância odorante é pequena. Calcula-se que tal concentração deva variar pelo menos 30% para que possa ser percebida pelo epitélio olfativo.
Mecanismo olfativo
Para que uma substância seja sentida aromaticamente precisa apresentar algumas características especiais:
Ser volátil, isto é ter massa molecular pequena, de modo que possa tornar-se vapor ou gás à temperatura e pressão ambientes.
Ser hidrossolúvel para se solubilizar no muco aquoso presente na mucosa nasal (mucosa amarela).
Ser lipossolúvel para poder interagir com o neurônio olfativo.
Os produtos voláteis ou aromáticos, que se desprendem das substâncias sólidas e líquidas, são inspirados, penetrando nas fossas nasais (separadas pelo septo nasal). As fossas nasais apresentam 3 significantes atuações: respiração, fonação e olfação.
O formato interno propicia a formação de duas correntes paralelas de fluxo de ar durante a inspiração.
A corrente de fluxo de ar inferior que é direcionada para a respiração pulmonar, atinge a parte interior e inferior das fossas nasais, recoberta por mucosa rica em vasos sanguíneos.
A corrente de fluxo de ar superior que é direcionada para a região olfativa, desencadeando o processo que faz surgir a percepção do aroma.
Estímulos olfativos são captados pelo epitélio olfativo, que possui em média 4cm, recobrindo parcialmente as cavidades nasais.
O epitélio olfativo reveste o teto da cavidade nasal. É composto de 3 tipos de diferentes células: as receptoras, de sustentação e basilares. Entre elas encontramos os ductos das glândulas olfativas.
Células receptoras olfativas
São neurônios sensitivos, as quais possuem um dendrito que se expande na forma de um bulbo, além da superfície epitelial. Neste ponto, localizam-se de 10 a 20 cílios, ricos em receptores para odores, que se projetam em uma camada de líquido sobre o epitélio.
A extremidade interna desse neurônio se agrupa com axônios de outras células receptoras para formar os dois nervos olfativos. Este, por sua vez, atravessa a lâmina cribriforme do osso etmoide da base do crânio para chegar ao bulbo olfativo.
Sem dúvida, uma arquitetura projetada para fazer interconexão entre a percepção dos aromas e as células nervosas.
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