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Seu coração e você como fator de risco

Nos últimos 15 anos, a prevenção de doenças cardiovasculares ganhou destaque em Congressos da longevidade saudável, homeopatia, medicina holística e nutrição funcional, reforçando sempre as medidas preventivas, que prolongam a vida e reduzem custos na saúde pública e privada. A redução do risco de doença cardiovascular gira em torno dos principais fatores de risco, incluindo hipertensão, hiperlipidemia e diabetes. E estes são ditados não só pela herança genética, mas sobretudo pelo estilo de vida.

As análises abaixo levam em conta dados de estatísticas americanas. O motivo é que muitos do hábitos de vida americanos, como por exemplo, a alimentação em fast foods, foram incorporados pelo brasileiro.

Análises de avaliação de risco mostraram que os fatores de risco relacionados ao estilo de vida são as principais causas de morte e incapacidade nos EUA e no mundo. Uma dieta saudável para o coração, atividade física regular, parar de fumar e manutenção de um peso saudável constituem a base para a redução do risco de doenças cardiovasculares. A hipertensão é o fator de risco cardiovascular número um e o maior fator de risco mundial para morte e incapacidade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Aproximadamente 85,7 milhões de adultos norte-americanos com 20 anos de idade ou mais têm hipertensão, com as taxas mais altas em afro-americanos. De 2003 a 2013, o número de mortes atribuíveis à hipertensão aumentou 34,7%. Pessoas com hipertensão são três vezes mais propensas a morrer de doenças cardíacas e quatro vezes mais propensas a morrer de derrame.

De acordo com o National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), de 2009 a 2012, a hipertensão foi controlada em 54,1% das pessoas com hipertensão, 76,5% estavam em tratamento, 82,7% sabiam que tinham hipertensão e 17,3% não tinham diagnóstico. Os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomendam uma abordagem tripla para o controle da pressão arterial. Os sistemas de saúde devem usar registros eletrônicos de saúde (EHRs) e registros de pacientes para identificar e controlar a hipertensão. Os profissionais de saúde devem usar uma abordagem baseada em equipe, verificar a pressão arterial em todas as consultas e simplificar o tratamento médico (doses de uma vez ao dia; um menor número de comprimidos). O controle da pressão arterial melhora quando os pacientes cumprem os medicamentos, mas não só isso, medem a pressão arterial, fazem uma dieta saudável com baixo teor de sódio, aumentam a atividade física, mantêm um peso saudável, limitam o uso de álcool e evitam fumar. A nova diretriz de prática clínica para hipertensão arterial do ACC e da American Heart Association recomenda avaliação de risco de 10 anos para doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD) para orientar o tratamento, juntamente com estratégias para melhorar o controle da hipertensão, medição adequada e estruturada da pressão arterial, abordagens de cuidados em equipe. O limite para o tratamento é determinado pela avaliação de risco ASCVD. Para a grande maioria dos pacientes com hipertensão estágio 1, a ação inicial recomendada é uma ou mais intervenções não farmacológicas.

Pressão arterial em adultos:

Dislipidemia:

O colesterol alto está presente em quase um em cada três adultos dos EUA, é um importante fator de risco para doenças cardiovasculares. Em brasileiros não é diferente. De 2011 a 2012, as metas de colesterol total foram atingidas em 75,7% das crianças (<170 mg/dL) e 46,6% dos adultos (<200 mg/dL). A diminuição dos níveis de colesterol nos últimos anos é atribuível ao maior uso de medicamentos para baixar o colesterol em vez de mudanças na dieta. Esses ganhos se devem principalmente ao uso de estatinas, necessárias em casos graves, mas extremamente prejudiciais à saúde. Recentemente, os inibidores de PCSK9 produziram reduções marcantes no LDL-C que, a longo prazo, reduziram a incidência de eventos coronarianos subsequentes em pessoas com doença coronariana existente e o alirocumab reduziu a mortalidade nos resultados do ODYSSEY. Ainda assim, adicionar componentes de estilo de vida que incorporam mudanças na dieta e atividade física, mesmo quando o colesterol é controlado com medicamentos, promove mudanças orgânicas valiosas, que também contribuem para a saúde, longevidade e bem-estar a longo prazo.

Diabetes:

Um em cada 10 adultos nos EUA tem diabetes e 90 a 95% dos casos são diabetes tipo 2. E o Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos), perdendo apenas para China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. A estimativa da incidência da doença em 2030 chega a 21,5 milhões.

O diabetes tipo 2 afeta desproporcionalmente as minorias e é cada vez mais comum entre crianças e adolescentes. Especialistas recomendam a prevenção de eventos cardiovasculares como objetivo do tratamento do diabetes. Duas novas classes de medicamentos – inibidores do cotransportador sódio-glicose 2 (SGLT-2) e agonistas do receptor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1) – demonstraram reduzir os eventos cardiovasculares, além de seu benefício na redução da glicose. A American Diabetes Association recomenda o manejo do estilo de vida, além de medicamentos para o manejo do diabetes e fatores de risco cardiovascular, incluindo terapia nutricional, atividade física e parar de fumar.

Dieta:

A má alimentação é o principal fator de risco para morte e incapacidade. A ingestão insuficiente de frutas, vegetais, nozes e sementes, grãos integrais e frutos do mar, bem como a ingestão excessiva de sódio são considerados os principais contribuintes. De fato, as melhorias na saúde do coração por meio da redução de fatores de risco foram observadas com uma dieta predominantemente baseada em vegetais que enfatiza os verdes, folhosos, grãos integrais, legumes e frutas. A limitação do colesterol dietético também é recomendada. Numerosos estudos observacionais demonstraram o benefício de uma dieta de estilo mediterrâneo na redução do risco cardiovascular. O estudo PREDIMED mostrou que uma dieta mediterrânea com aumento de nozes mistas ou substituição de azeite extra virgem por azeite de uso regular reduziu os eventos cardiovasculares em 30%. Embora isso seja exemplar, representa uma persistência de eventos de 70%, com oportunidades de redução de risco residual através de um maior refinamento da dieta.

Uma dieta mediterrânea geralmente consiste em:

Azeite de oliva como gordura culinária

Legumes e frutas frescas abundantes

Grãos

Leguminosas

Nozes

Especiarias e ervas aromáticas

Ingestão frequente de pescados de qualidade

Consumo moderado de vinho às refeições

Baixa ingestão de carne e produtos de origem animal e açúcares simples

  

Atividade física:

Os benefícios da atividade física somados a uma alimentação saudável para prevenção de doenças cardíacas são reconhecidos há muito tempo. Apesar desses benefícios, três em cada 10 adultos norte-americanos relatam ser inativos durante o tempo de lazer e apenas metade relata níveis de exercícios aeróbicos consistentes com as diretrizes nacionais. A Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA recomenda aconselhamento comportamental intensivo para promover atividade física para pessoas com fatores de risco cardiovascular e pessoas com doenças cardiovasculares. O estudo PURE descobriu que apenas 30 minutos de atividade física cinco dias por semana podem prevenir uma em cada 12 mortes e um em cada 20 casos de doenças cardiovasculares em todo o mundo. Uma redução maior foi observada naqueles que eram altamente ativos (750 minutos semanais). O estudo PURE também descobriu que a atividade física incorporada à vida diária teve o mesmo benefício que as atividades de lazer. Com o estudo STABILITY, aprendemos que caminhar em ritmo acelerado por apenas 10 minutos por dia ou em ritmo mais lento por 15 a 20 minutos pode reduzir a mortalidade por todas as causas em 33% em pacientes com doença cardíaca coronária estável. Embora os ganhos tenham sido alcançados, a redução das doenças cardiovasculares por meio da modificação do estilo de vida continua sendo um desafio. A maioria dos americanos continua a levar um estilo de vida pouco saudável e menos de um 1% dos americanos atinge os níveis ideais de sete métricas-chave de saúde cardiovascular (pressão arterial, atividade física, colesterol, dieta saudável, peso saudável, tabagismo, glicemia). Alguns obstáculos para alcançar padrões de estilo de vida saudáveis ​​incluem treinamento limitado dos profissionais de saúde sobre dietas saudáveis ​​e necessidade de atividade física, falta de acesso a cuidados de saúde adequados, alto custo dos cuidados de saúde, autorização prévia de medicamentos, tempo limitado com pacientes e adesão do paciente a modificações do estilo de vida.

Uma melhor saúde cardiovascular exigirá um foco maior na prevenção de doenças cardiovasculares e na promoção de comportamentos saudáveis ​​ao longo de toda a vida. São necessárias abordagens que visem o estilo de vida e o tratamento no nível individual, juntamente com abordagens do sistema de saúde que encorajem, facilitem e recompensem os esforços dos pacientes e provedores para melhorar os comportamentos e fatores de saúde; e abordagens em nível populacional que visam estilo de vida e tratamento em escolas e locais de trabalho, comunidades locais, estados e nação. E é nesse ponto que um tratamento naturopático faz e fará sempre grande diferença.

Importante citar que:

Medicamentos de uso contínuo prescritos por médicos devem ser descontinuados ou ter dosagens reduzidas, somente por responsabilidade médica. E que doença controlada por medicamentos, não é doença tratada.

Whelton PK, Carey RM, Aronow WS, et al. J Am Coll Cardiol 2017;Nov 7:[Epub ahead of print].

Million Hearts: Meaningful Progress 2012-2016 A Final Report. CDC. May 2017. American Diabetes

Association Standards of Medical Care in Diabetes—2018. Diabetes Care 2018;41, Supplement 1.

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