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Doenças da beleza e o “tal chip”


Se você achar que precisa de “um chip da beleza”, ele já existe. Num passado não muito distante, observou-se que as reações colaterais de alguns medicamentos, favoreciam crescimento de cabelos e a queima de gordura. Então “eureca” lá iam todos ou pelo menos uma multidão! Alguns largamente usados de forma massiva “na beleza” até hoje, como é o caso daquele conhecido medicamento para HPB (hiperplasia benigna da próstata) e que favorece à manutenção dos fios de cabelos que insistem em cair.

Mas voltando ao chip, o implante de gestrinona é o “must have” do momento. A princípio, foi desenvolvido para regulação hormonal no tratamento de endometriose, miomatose, disfunções do climatério e como método contraceptivo. Eis que apareceram efeitos colaterais que parecem ou pareciam promissores e foi nomeado “o chip da beleza”. A coisa toda “bombou”. Milhares de chips foram implantados em todo o Brasil. Algo como uma “pandemia de endometriose” tivesse sido deflagrada. Um número pouco expressivo em relação ao montante é de fato para endometriose. A ideia é colher os “benefícios “ dos efeitos colaterais, a saber: ganho de massa muscular, fim da celulite, aumento da libido e outros efeitos não divulgados de pronto, como picos de liberação hormonal altos no organismo e pasmem: casos de pacientes diagnosticadas com câncer de mama e ninguém conseguia achar onde o implante tinha ido parar, pois precisava ser removido urgentemente.

Propaganda falsa e milhares de mulheres com o “chip da beleza” , num procedimento que pode custar entre R$3 mil a 8 mil. Situação que rende uma reflexão importante: as doenças da beleza. Não importam os riscos ou dismorfias, o importante é tentar enquadrar-se no modelo de beleza do momento. E como o próprio nome revela, é “do momento”.

O distúrbio da imagem, uma das doenças da beleza, é definido como uma distorção da percepção, comportamento ou cognição relacionada ao peso ou à forma e está se tornando um distúrbio clínico comum. Padrões estéticos típicos das culturas ocidentais, baseados no estereótipo de um corpo magro para as mulheres e um corpo musculoso para os homens, são considerados possíveis determinantes do distúrbio da imagem corporal. Enquanto a maioria das mulheres deseja perder peso mesmo quando seus parâmetros antropométricos são normais, um número significativo de homens tem demonstrado insatisfação muscular. Alguns relatos na literatura científica encontraram uma associação entre distúrbios da imagem corporal e vários resultados de saúde mental, incluindo depressão, anorexia, bulimia e dismorfia corporal.

Para espanto geral: De acordo com documento publicado em 30 de novembro de 2021 e assinado pela Comissão Nacional especializada em endometriose, integrada à FEBRASGO, não há literatura científica comprobatória de relevância, avaliando a eficácia do implante no tratamento da endometriose, nem mesmo bula que possa esclarecer sobre os malefícios á saúde.

Para finalizar deixamos aqui uma revelação, com base em constatação clínica e empírica:

“Todas as bundas cairão”. Não percam a saúde! Nós, mulheres, somos mais e melhores que tudo isso.

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