Sinergia é a combinação de óleos essenciais que atuam harmoniosamente para oferecer uma boa eficácia da fórmula. Nem todas as fórmulas são sinergias harmoniosas. O efeito de um aroma sobre nós depende de fatores como: onde o aroma é aplicado, quantidade, circunstâncias em que é aplicado, individualidade biológica, estado emocional e no caso de um óleo essencial, do seu grau de pureza. Quando falamos em sinergia falamos de uma fusão, nesse caso molecular, para desempenho de uma função.
O que significa criar sinergias?
Uma sinergia deve promover um benefício extra porque se fundem potências. Sinergia é muitas vezes compreendida como uma união harmoniosa. Mas quase sempre é formada por antagonistas com potencialidades opostas que se unem para a conquista de um benefício. Se a palavra for empregada com intenção de harmonia, a melhor indicação é usar o nome blend ou associação, composto ou mistura.
Importante deixar claro que nem tudo na Aromaterapia é benéfico. Nem tudo é prazer. Aromaterapia é química, anatomia e fisiologia. Tem ligação direta com receptores olfativos. Falamos então de um sistema rudimentar, arcaico e extremamente subjetivo.
Quando inspiramos pequenas partículas dos óleos, eles se espalham no teto do nosso nariz, onde há células especiais localizadas entre as células secretoras de muco e as células de suporte. Elas respondem a estímulos químicos com um baixo limiar de excitação. Mais de 50 sensações odoríferas primárias são conhecidas. Então, estas células agrupam-se a 25 a 30 axônios recobertos de mielina formando os filetes olfatórios. Estes sobem pela placa peneirada do etmóide e se dirigem para formar o bulbo olfatório, de onde emerge uma faixa que termina no hipocampo do lobo temporal. Cada célula receptora registra e transmite informações sobre os cheiros enviando-os para a área límbica do cérebro (onde é feito o controle de emoções) o hipotálamo, o sistema endócrino e a memória. Por essa razão, os princípios ativos dos óleos essenciais despertam a memória e as emoções, ou seja, o olfato intervém nos estados afetivos e emocionais por meio do reconhecimento dos cheiros. Aqui, temos uma explicação importante: Os óleos essenciais não farão o mesmo papel em todas as pessoas. A individualidade biológica trará esse diferencial. O registro olfativo é diferente e associado à memórias diversas. No uso dos óleos essenciais e em cursos sobre a utilização dessas matérias-primas a última etapa deve ser o “blendear” com dicas e receitas prontas. Infelizmente normalmente o contrário é percebido. Muitas vezes pela urgência em vendas, num mercado saturado pela relação cursos de formação em Aromaterapia x empresários da Aromaterapia. Mas quando falamos em ciência, a onipresença de uma marca de óleos essenciais no mercado, não se dará de outra maneira além de uma séria e profunda capacitação técnica que possa multiplicar acertos em lugar de erros.
Pois bem: A farmacocinética dos óleos essenciais pode promover efeito tóxico ou terapêutico, dependendo da forma de aplicação e absorção. A absorção depende da suscetibilidade do paciente. Cada essência se destaca por alguma propriedade e a condição de permeabilidade dada por sua alta lipofilicidade, fazem com que penetrem através da pele e mucosa (boca, nariz, faringe) e no trato gastrointestinal. Dependendo da escola de origem e formação, o óleo essencial é usado por vias dérmicas e difusão aérea, ou também é incluída a via oral. Após o recebimento da mensagem olfativa o aroma passa pela casca rinencefálica através de numerosas fibras nervosas e chega aos centros de controle na parte superior do cérebro, como o hipotálamo, glândulas hormonais superiores e o tálamo, importante centro de estímulos sensoriais. Citar o sistema límbico é fazer referência a um conjunto de núcleos e áreas cerebrais córtices intimamente ligadas, onde estão o comportamento emocional e impulsos condicionados por instintos, além de condição de memória e aprendizado.
Finalizamos orientando aos cuidados especiais na seriedade da profissão e na avaliação criteriosa dos modismos divulgados. Para citar apenas um deles: Aromaterapia egípcia. Não é Aromaterapia e muito menos egípcia.
Chris Buarque. Diretora científica da Comunidade Brasileira de Naturopatia
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