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Automedicação

Colab: Juliana Raymundo. Revisão técnica: Chris Buarque. Revisão geral: Claudia Lopes

Quem nunca tomou um remédio sem prescrição após uma dor de cabeça ou febre? Ou pediu opinião a um amigo sobre qual medicamento ingerir em determinadas ocasiões? A automedicação, o ato de tomar medicamentos por conta própria sem orientação médica muitas vezes vista como uma solução para o alívio imediato de alguns sintomas, pode trazer consequências mais graves do que se imagina.

A medicação por conta própria é um dos exemplos de uso indevido de remédios, considerado um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINTOX), em 2003, os medicamentos foram responsáveis por 28% de todas as notificações de intoxicação. Em alguns países, com sistema de saúde pouco estruturado, a ida à farmácia representa a primeira opção procurada para resolver um problema de saúde, e a maior parte dos medicamentos consumidos pela população é vendida sem receita médica. Contudo, mesmo na maioria dos países industrializados, vários medicamentos de uso mais simples estão disponíveis em farmácias, drogarias ou supermercados, e podem ser obtidos sem necessidade de receita médica a exemplo dos analgésicos e antitérmicos. Debate-se se um certo nível de automedicação seria desejável, pois contribuiria para reduzir a utilização desnecessária de serviços de saúde. Afinal, boa parte da população não tem convênios para assistência à saúde. A decisão de levar um medicamento da palma da mão à boca é exclusiva do paciente. Mas o uso de medicamentos de forma incorreta pode acarretar o agravamento de uma doença, uma vez que sua utilização inadequada pode esconder determinados sintomas. Se o remédio for um antibiótico, a atenção deve ser sempre redobrada, pois o uso abusivo destes produtos pode facilitar o aumento da resistência de micro-organismos, o que compromete a eficácia dos tratamentos. Outra preocupação em relação à automedicação, refere-se à combinação inadequada de medicamentos. Neste caso, o uso de um medicamento pode anular ou potencializar o efeito do outro, ou pode trazer, ainda, consequências como: intoxicações, reações alérgicas, dependência e até a morte. Todo medicamento possui riscos que são os efeitos colaterais. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existe o uso racional de medicamentos (URM) quando “os pacientes recebem medicamentos apropriados às suas necessidades clínicas, em doses e períodos adequados às particularidades individuais, com baixo custo para eles e sua comunidade”. A definição foi proferida durante a Conferência de Nairobi, Quênia, em 1985.

Em todo o mundo, mais de 50% de todos os medicamentos receitados são dispensáveis ou são vendidos de forma inadequada. Cerca de 1/3 da população mundial tem carência no acesso a medicamentos essenciais. E 50% dos pacientes tomam medicamentos de forma incorreta.

O Ministério da Saúde criou, em março de 2007, um Comitê Nacional para Promoção do Uso Racional de Medicamentos (URM) – uma instância colegiada, representativa de segmentos governamentais e sociais afins ao tema e com caráter deliberativo. O Comitê tem como papel propor estratégias e mecanismos de articulação, de monitoramento e de avaliação de ações destinadas à promoção do URM. Para garantir as implementações das ações, foi criado o Plano de Ação, composto por vertentes em quatro áreas: regulação, educação, informação e pesquisa.

Tipos de Uso Irracional de Medicamentos

  1. Uso abusivo de medicamentos (polimedicação);

  2. Uso inadequado de medicamentos antimicrobianos, frequentemente em doses incorretas ou para infecções não bacterianas;

  3. Uso excessivo de injetáveis nos casos em que seriam mais adequadas formas farmacêuticas orais;

  4. Prescrição em desacordo com as diretrizes clínicas;

  5. Automedicação inadequada, frequentemente com medicamento que requer prescrição médica.

Causas da automedicação

A variedade de produtos fabricados pela indústria farmacêutica; a facilidade de comercialização de remédios e a própria cultura; comodidade assimilada pela sociedade que vê na farmácia um local onde se vende de tudo; a grande variedade de informações médicas disponíveis, sobretudo em sites, blogs e redes sociais, também está entre os fatores que contribuem para a automedicação. Não há como acabar com a automedicação, talvez pela própria condição humana de testar e arriscar decisões. Há, contudo, meios para minimizá-la. Programas de orientação para profissionais de saúde, farmacêuticos, balconistas e população em geral, além do estímulo a fiscalização apropriada, são fundamentais nessa situação.

Fontes de referência

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