Vamos começar falando que a popularidade da Aromaterapia só vem crescendo. E é excelente! Mas, gostar de óleos essenciais, usá-los, assistir a lives, revender os produtos e participar de treinamento de vendas, não faz de você um Aromaterapeuta. Aliás, esse tem sido um grave problema na Naturopatia, não só com a Aromaterapia. Antes de darmos sequência, ressaltamos que faremos uso das palavras cliente e paciente, deixando o uso à critério da prática clínica de cada profissional.
Hoje vamos falar de Aromatologia, que é nosso enfoque dentro do curso do mês de março a respeito de Aromaterapia (inscrições já encerradas e novas turmas já estão com inscrições abertas!) A grande divulgação em todas as mídias a respeito da Aromaterapia, ciência da terapia através de aromas, comumente se divide em:
Óleo essencial para curar absolutamente tudo.
Condenação do uso dos óleos para uso oral.
Mix de óleos essenciais em óleo vegetal, com divulgação às claras.
Mix de óleos essenciais, essenciais sintéticas, óleos minerais ou vegetais, em fórmulas finais adulteradas.
Quando há celeuma em torno do uso oral, trata-se de um profissional não qualificado pela Escola Europeia, que contempla esta via de uso, mediante consulta clínica. Consideramos inclusive uma segurança, se pensarmos que pessoas leigas, simpatizantes destes óleos, e profissionais ainda não qualificados podem comprá-los livremente na internet, passar a consumi-los por via oral, sofrer alguma intoxicação, ainda que possa ser leve, e interferir negativamente na visão e comercialização dos mesmos.
É no mal uso ou abuso que qualquer terapia se torna útil ou prejudicial.
Aromaterapia e Aromatologia compartilham da mesma base histórica.
A partir de 1920 a Aromaterapia ganha um status diferenciado da Fitoterapia, pelos experimentos do Químico Gattefosse. Desde este período, na França, a prática de todos os métodos de uso de óleos essenciais continua, incontestada e positivamente bem-sucedida. Na França, os óleos essenciais são administrados internamente por profissionais da saúde devidamente qualificados. Vamos repetir essa frase: “devidamente qualificados”.
Sendo a aplicação tópica (pele) inalação e compressas, os métodos de uso ainda mais usuais. Na Inglaterra, a Aromaterapia chega através da beleza, em meados do século XIX. É introduzida por meio da técnica de massagem. E passa a ser comentada pelos franceses, como “Aromaterapia inglesa”. Não era permitido o uso por via oral. Em pouco tempo, a comercialização de óleos essenciais tornou-se expressiva, nem sempre com o conceito de qualidade e pureza. Fato é que os óleos essenciais estão presentes na Farmacopeia britânica há muitos anos, formam a base de muitos medicamentos antigos e ainda são usados atualmente. No entanto, os verdadeiros óleos essenciais não podem ser regulamentados como medicamentos. Por serem originários de uma única planta botânica e essas plantas estarem sujeitas a todo tipo de variáveis (no clima, solo, quantidade de luz solar, etc.) é impossível determinar antecipadamente o GLC1 de qualquer óleo. Atualmente, a maioria dos óleos essenciais verdadeiros são abrangidos pela legislação alimentar e cosmética. Existe a necessidade de se estabelecer um meio-termo, não muito diferente do ‘Statement of Efficacy’ que existe nos EUA.
Aromatologia e Aromaterapia são termos que guardam similaridades, mas com formações diferentes. Todo Aromatólogo está fazendo uso da Aromaterapia. Nem todo Aromaterapeuta é ou faz uso da Aromatologia. Usando a Inglaterra como exemplo, temos:
Para se tornar um Aromatólogo, é necessária uma formação pela única Faculdade qualificada para tal. O candidato precisa já possuir uma qualificação em uma terapia complementar ou ortodoxa reconhecida.
O período de treinamento é de mais dois anos onde o aluno explora os componentes químicos individuais que compõem os óleos essenciais, seus efeitos na fisiologia e patologia do ser humano e as propriedades potenciais na psique, além de toxicidade, reações cutâneas, entre outros. O estudo é complexo e explorado em profundidade. A formação é voltada para um tratamento clínico usando uma abordagem mais prescritiva. O motivo: o profissional tem mesmo a profissão de Aromatólogo e trabalha muito frequentemente “apenas” nessa especialidade. No Brasil, é muito mais comum a aplicação intensiva de óleos puros através da pele. Isso pode ser apenas duas ou três gotas, de acordo com o objetivo e resguardando o uso na pele de alguns óleos, que não devem ser usados sem diluição. Um Aromatólogo é um educador de larga experiência clínica. E infelizmente a Aromaterapia passou a ser confundida como massagem com uso de óleos essenciais. Aqui, salientamos que receber uma massagem é excelente. Está tudo bem.
Mas sobre competência profissional na Aromaterapia é importante lembrar que:
O uso do óleo essencial não é o fator X para a saúde. O estilo de vida, sim.
Reconhecer quando os cuidados alopáticos da saúde (tradicionais) podem ser necessários e ser o profissional sempre pronto para encaminhar um cliente ao seu médico de cuidados primários para diagnóstico e tratamento.
Capacitar o seu cliente a alcançar uma saúde melhorada, tanto hoje como no futuro, através da abordagem de quaisquer desequilíbrios causados por nutrição inadequada, sono de má qualidade, baixo consumo de água, falta de exercício, ar fresco e relaxamento.
O profissional qualificado e comprometido com a ética não faz:
Diagnóstico de doenças. Um Aromatólogo realiza avaliações de acordo com os preceitos da bioquímica dos óleos pensando junto ao paciente as causas da doença e orientando-o a uma melhor qualidade de vida.
Um Aromatólogo capacita o cliente a cuidar de sua própria saúde.
Por ter grande conhecimento de química e bioquímica e sua relação com todo o organismo, é um educador.
Aromatólogos ensinam clientes sobre uso correto de óleos essenciais, ervas, remédios homeopáticos, remédios homeobotânicos, essências florais, suplementos e nutrição.
Não realizam procedimentos invasivos (injeções ou coleta de sangue)
Não fazem exames de imagem de nenhum tipo.
Não usam recursos esotéricos para prescrição do óleo essencial necessário ao tratamento.
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